quarta-feira, 17 de março de 2010

Polêmica

Aqueles que acreditam num ser superior, um criador, advogam que o mundo não poderia ser tão perfeito e tão belo se não fosse por intermédio de um ser sobrenatural todo poderoso.
Bem, eu tenho uma má notícia: o mundo não é perfeito e a beleza é algo relativo, depende de fatores culturais em razão de condições de clima, relevo, históricas, geográficas... Não que a natureza não seja bela, mas sob uma ótica puramente científica uma montanha é um mero resultado de movimentações tectônicas, assim como uma ilha. Uma caverna é formada pela ação de ácido carbônico infiltrado no solo, escorrido pelas fissuras rócheas, sendo este o mesmo processo que forma os espeleotemas (por exemplo, estalactites, estalacmites, cortinas...).

E foi de maneira semelhante, por uma série de eventos sucessivos e naturais, que surgiu a vida, inclusive a humana. Pois o homem é apenas mais um produto de natureza. Não somos especiais, a não ser para nós mesmos. Não somos donos do mundo, apenas moramos nele. Temos o mesmo valor de qualquer coisa na natureza. Até porque somos mais dependentes dela do que o contrário. Deveríamos ter mais respeito, por ela e por nós mesmos.

10 comentários:

  1. A esse respeito ao qual você se refere, tem tudo a ver com o relatório Brundtland publicado em 1987, elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pela ONU.
    Neste documento foi concebido o conceito de que desenvolvimento sustentável é aquele que "satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”.

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  2. "É triste pensar que a natureza fala e que o género humano não a ouve..."
    — Victor Hugo

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  3. Rogério, a existência de algo superior a nós e que muitos chamam de Deus não elimina, em absoluto, a sucessão de fatos que (acidentalmente ou não) levaram à criação dos planetas e da vida que neles habita.

    Vide a concepção de Deus exarada por Baruch de Espinosa em "ÉTICA". Para ele Deus e Natureza são uma coisa só e ao se referir a um se está a se referir ao outro.

    Por outro lado, se é verdade que o ser humano é parte da Natureza e pertence ao reino animal, é preciso admitir que o mesmo não é maior do que essa mesma Natureza à qual pertence e está subordinado.

    Assim, como todo e qualquer ser vivo, o ser humano age por ela e segundo ela. O ser humano é parte de um contexto maior cujos fenômenos ainda não é capaz de compreender por completo.

    O ser humano não ofende e nem muda nada por si. Não desrespeita a Natureza, antes é parte dos eventos naturais e seus "agir" está sempre em conformidade com a natureza.

    A Natureza, especificamente a Terra, passou por mudanças climáticas ao longo de sua existência e a vida animal e vegetal mudou muito desde sua criação. Não foi o homem quem exterminou os dinossauros e por certo nós também seremos extintos juntamente com toda a fauna e flora como as conhecemos.

    Se há um fato até agora cientificamente observado é que nada no universo é estável, imutável e sempre igual. O Universo e a Terra estão em constante mutação e isso parece ser a característica da Natureza: mudança, extinção e renovação.

    Às vezes essa mudança se faz por meio de um meteoro, outras vezes pela ação do vento e outras vezes pelas mãos humanas. Somos só parte dos eventos e sem controle sobre eles.

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  4. Concordo, Marcos. Mas o respeito à natureza é uma questão de sobrevivência da espécie.

    E o deus de Espinoza sequer seria escrito em maiúscula...

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  5. O comentário anterior é meu, é que estava aberto o e-mail da Lú.

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  6. Ah, sim, eu não disse que o fato de ser a natureza imperfeita e a beleza estar nos olhos de quem vê provar a inexistência de um ser criador todo poderoso, apenas que esta argumentação é errônea, posto ter premissas falsas.

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  7. Roger,

    Veja só: não dá para - de um lado - concordar que o ser humano é parte da natureza, agindo por ela e segundo suas leis de modo a que sua conduta seja (em verdade) mera conformidade com a própria natureza e - de outro - ainda insistir que há "desrespeito". Uma coisa exclui a outra.

    Quanto à forma de escrever Deus não serei eu a questionar se ele o faria em maiúsculo porque não vi os escrito originais. Mas no livro com tradução em português está, sim, grafado em maiúsculo e a reverência que ele prestava à Natureza (também grafada com a inicial em maiúsculo) é digna dessa formatação.

    A única premissa falsa que me parece existir é a de haver um projeto divino para a criação das coisas e um objetivo a ser cumprido.

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  8. Marcão, Já pensou em escrever um livro? Esse pode ser o primeiro capítulo...

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  9. Marcos, primeiro não sei o que acontece, porque foi necessária minha autorização para os comentários.
    Segundo, talvez eu realmente não tenha-me expressado corretamente. A palavra respeito foi usada no sentido de que temos de nos respeitar como meio de sobrevivência de nossa espécie. Se não cuidarmos da natureza estaremos cometendo suicídio.

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